Débito técnico é um problema recorrente em metodologias ágeis –  tanto para equipes de desenvolvimento novas ou experientes –  já que se trata de um tema voltado à gestão do projeto. Esse é um tema relevante porque, conforme os dados da The Growing Threat of Technical Debt, 69% dos líderes de TI entrevistados (incluindo de negócios no Brasil) consideram o débito técnico uma ameaça para a inovação.

Ao minimizar ou gerenciar esse débito, os líderes de TI conseguem entregar produtos de maior qualidade, maximizar a satisfação dos seus clientes e aumentar a eficiência de seu time de desenvolvimento. Quer saber mais sobre o assunto? Leia este material para aprender sobre o débito técnico e como lidar com ele!

Entenda o que significa débito técnico

Também chamado de dívida técnica ou technical debt em inglês, o débito técnico diz respeito ao resultado de ações tomadas pelas equipes de desenvolvimento para agilizar a entrega de uma funcionalidade ou um projeto que precisa ser refatorado posteriormente. Em outras palavras, é o resultado de priorizar a entrega rápida sobre o código perfeito.

Esse termo é usado no desenvolvimento de software, mas tem suas raízes no mercado financeiro. Suas consequências são similares aos empréstimos financeiros, que geram juros excepcionalmente altos a longo prazo caso você não consiga quitá-la rapidamente.

Apesar de entregas excepcionalmente rápidas trazerem uma boa impressão ao cliente, o débito técnico cria dificuldades na manutenção de códigos, gera custos adicionais, atrasos, retrabalho, projetos engessados ou necessidade de realizar mudanças no que já foi implantado.

É importante saber que esse conceito não é sinônimo de código mal escrito, pois esse último é o resultado da falta de habilidade ou conhecimento técnico pelos programadores. Já os débitos técnicos são consequências de uma implementação simplificadas com o objetivo de cumprir um prazo curto.

Os 4 tipos de débito técnico

Há 4 tipos de débitos técnicos que se diferenciam conforme o controle que a empresa tem sobre a dívida e se ela decorreu da falta de conhecimento técnico do time. Confira:

•          Imprudente intencional: o time de desenvolvimento sabe da existência de erros no código, porém lança a solução sem resolver os problemas existentes;

•          Imprudente não intencional: programadores usam linguagens de programação que não conhecem bem, gerando necessidade de correções futuras;

•          Consciente intencional: uma implementação é feita ou solução enviada com problemas, mas dentro do prazo. Nesse caso os desenvolvedores se comprometem a corrigir erros no futuro;

•          Consciente não intencional: o time conclui um projeto, mas apenas percebe as falhas no código posteriormente.

Mas afinal, como ocorre o Débito Técnico?

O débito técnico ocorre em qualquer situação que uma solução ou funcionalidade seja entregue sem ser totalmente finalizada, o que geralmente acontece para atender pressão dos clientes por prazos.

Imagine que sua empresa implante gradualmente recursos a um cliente conforme suas demandas surgem. Esse cliente pede que uma funcionalidade seja enviada dentro de três dias ou todo o projeto será prejudicado.

Porém, seu desenvolvedor afirma que essa tarefa levaria cerca de uma semana para ser concluída com melhor qualidade. Para entregar o produto em três dias e satisfazer o cliente momentaneamente, você diminui a complexidade do projeto ao deixar de lado aspectos de segurança e performance.

É nesse cenário que surge o débito técnico, pois será necessário fazer várias manutenções para resolver questões pendentes, corrigir bugs e adicionar funcionalidades. Ainda há risco de que a segurança do cliente seja comprometida, que a solução não tenha uma performance satisfatória, entre outros problemas.

Saiba como lidar com o Débito Técnico na sua empresa

Entenda que não existe uma forma de eliminar completamente o débito técnico, pois um código sólido exige pensamento crítico, análises aprofundadas e tempo de desenvolvimento.

Por isso, é normal que desenvolvedores aceitem débito técnico, desde que ele seja controlado. Por exemplo, você pode decidir que a solução seja implementada em tempo hábil, mas a equipe técnica ainda lance pequenos updates para consertar eventuais bugs.

Isso precisa ser muito bem gerido, pois muitas vezes a dívida técnica compromete uma parte significativa do budget de TI, constituindo cerca de 41% do orçamento de negócios de maior porte e 27% das pequenas empresas, segundo os dados do The Growing Threat of Technical Debt.

A primeira medida para lidar com as dívidas técnicas ao longo do desenvolvimento de um software é mensurá-las, devendo considerar aspectos como:

  • Linhas de código (LoC) e comentários na aplicação;
  • Cobertura e coesão de código;
  • Complexidade ciclomática;
  • Tamanho de métodos;
  • Duplicação de código;
  • Fragilidade de builds e testes automatizados;
  • entre outros.

Para dimensionar o débito é possível usar uma técnica de identificação dos itens de backlog. Isso é feito por meio do uso de uma tag ou outra marcação do que precisará ser corrigido no futuro, dando conhecimento prévio ao seu time do que deverá ser reparado.

Depois analise o trade-off de cada aspecto do débito técnico, que consiste em escolher o deve ser priorizado durante o desenvolvimento do projeto. Essa não é uma decisão fácil, pois os gestores precisam focar no que entregará valor ao cliente, mas não deixar muitas pendências para o futuro.

Más escolhas podem criar um efeito cascata, ou seja, fazer com que as dívidas técnicas se acumulem até que seja inviável pagá-las. Imagine que seu negócio acabe criando dívidas técnicas com muitos clientes, haverá um momento que seu time não será mais capaz de entregar atualizações ou patches adequados para todos eles, o que também prejudica sua escalabilidade.

Uma estratégia eficaz para minimizar débitos é aplicar softwares externos que verificam a qualidade do código-fonte da aplicação em tempo real. Eles apontam códigos duplicados, comentários, vulnerabilidades e erros, sugerem linhas mais otimizadas e enxutas, entre outras funções.

Outra dica é fazer um alinhamento com seu cliente, em que o desenvolvedor o orienta sobre as consequências de um envio em um prazo muito curto. Isso faz com que a criação do débito seja uma decisão do cliente, bem como que ele esteja ciente dos riscos envolvidos.

Apesar do débito técnico ser um desafio inevitável, mas com o suporte de uma consultoria especializada e experiente você pode geri-lo e maximizar os resultados do seu negócio.

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